Será que actos hediondos como o Holocausto, o Massacre de Columbine ou o 11 de Setembro podem ser vistos como obras de arte? Será que podemos premiar artísticamente os seus autores? Quão ténue é a linha que separa a ética da estética? Num pseudo-comício de uma pseudo-associação, pseudo-partido político, pseudo-organização não-governamental, pseudo-culto chamado ABBA: Associação Bestial da Bonita Aurora, vale tudo menos arrancar olhos. O seu lema é simples e directo: “Quo peius, eo melius.” (“Quanto pior, melhor.”) – até se deram ao trabalho de o escrever em latim para soar a clássico. Pretendem curar a Humanidade dos seus mais odiosos vícios e, para isso, estão dispostos a tudo, incluindo incorrer em todo o tipo de actos hediondos – desde atentados terroristas até genocídios com armas químicas. Têm sonhos molhados com a “banalização do mal” e, se possível, com a sua sublimação estética. Até porque toda a gente sabe que nesta sociedade do consumo e do espectáculo, neste “simulacro de realidade” como diria Baudrillard, quanto mais hardcore for o espectáculo, mais likes e seguidores terá – trocando por miúdos – mais guito farão os seus actores e, sobretudo, os seus encenadores. Portanto, querido espectador, toca a comprar bilhete. Este espectáculo vai ser do melhor que há no mercado!