ONDE ESTÁ A JUSTIÇA? retrata o percurso de um homem que vivia do seu trabalho, do amor pela sua família, da forma justa como entendia a vida, do “seu inato sentimento de justiça”. Assim começa a história de Michael Kohlhaas, o rebelde, na sua procura por justiça contra um barão déspota, sempre confrontado com a justiça deturpada do poder dos que mandam e dos que não mandam, mas opinam e julgam, a qual abafa, esmigalha e enlouquece. Um tema que perfura a linha temporal e aparece aos nossos olhos como atual.

O guião que construímos percorre a história de Kohlhaas, sempre alternando com a de cada um de nós: Quantos Kohlhaas cabem em cada um de nós? Quantos de nós cabem em Kohlhaas? Como se transforma a honestidade em crueldade? Porque tarda a justiça? Qual a linha que nos coloca do outro lado da justiça? O sentimento da justiça… O sentimento da injustiça… Um coletivo que carrega a sua própria história, veste, despe e volta a vestir diferentes personagens.

Fizemos muitas perguntas e exploramos a personagem ‘Kohlhaas’ e a sua procura por uma justiça que lhe devolva a vida. Colocamo-nos na sua pele, como se todos tivéssemos um pouco de Kohlhaas, e multiplicamos a personagem independentemente do corpo, da idade ou do género.

Qual a linha que separa a quietude da inquietude? Uma companhia de teatro amador que aceita o desafio de construir um espetáculo que coloca todos os envolvidos fora da zona de conforto é algo inspirador. Este espetáculo carrega a força e a subtileza da coragem de arriscar, de descobrir novos limites de uma identidade artística e de, em coletivo, ‘criar’. Mesmo com o medo do desconhecido. Aceitamos o medo e avançamos.

Fizemos muitas perguntas, procuramos respostas e continuamos a perguntar.

Sónia S. Barbosa