“Esta obra, fruto da minha Form(a)ção Criadora, tese criada no âmbito do mestrado em Composição, reúne a sua inspiração entre o meu fascínio pela planta calêndula e o pensamento morfológico goethiano, expresso no seu conceito de Bildung —  i.e. “aquele que designa tanto o que é produzido como o que está em vias de o ser”; in Goethe, A Metamorfose das Plantas. Esta obra é pensada como experiência heurística cuja transformação acontece em, e através de mim, metamorfoseando os materiais que a compõe — a saber, o ensaio poético, e a obra musical. Calendulário explora, assim, a acção que vai fixando a forma, no processo criativo. 
A concretização desta obra, enquanto acto criador, deu-se pela abertura de caminhos por meio do crescimento e reprodução, em simultâneo, de todas as ideias, vontades, subtilezas e imprevistos.
A força do momento vivo é o ponto essencial deste projecto, sendo pela reunião de todas as fracturas orgânicas expostas (poéticas, musicais, e outras que pertencem à esfera do invisível) que o projecto morfológico de aperfeiçoamento e reprodução da obra se dá. As superfícies sonoras, literárias, íntimas, circunstanciais, acusadas em cada nervura que se toca com outra, podem percepcionar-se como uma metamorfose, uma possibilidade de muitas, numa escrita musical que escuta intuitivamente, cuidadosamente conectada e silenciosamente aceite. Form(a)ção Criadora é lugar poético e passagem musical – a possibilidade da calêndula enquanto prefiguração simbólica e transfiguração artística.”
(Catarina Sá Ribeiro, Outubro de 2024)