O Jogo das Perguntas
ou
A Viagem à Terra Sonora
Exercício-espetáculo dos alunos finalistas em teatro da ESMAE
– 29 de junho a 3 de julho –
Quarta-feira a sábado , 29 de junho a 2 de julho – 21h00
Domingo, 3 de julho – 16h00
M/14 | BILHETES : 5€
LIBERTAR-ME DAS PERGUNTAS SEM DEIXAR DE ME QUESTIONAR.
Lembro-me como uma das experiências mais marcantes da minha vida foi quando, em 1994, ainda estudante de Antropologia, em Lisboa, vi no Teatro da Cornucópia, O Jogo das Perguntas, de Peter Handke. Os melhores anos da nossa vida, são mesmo esses em que entre os 20 e os 23 anos de idade deambulamos por cidades ou vilas onde levamos a nossa vida, com o viço do corpo, com a frescura da mente!
Cruzar-me com este texto, com os grandes actores e actrizes do Teatro da Cornucópia, com a sua seriedade e o seu compromisso estético, revolveu-me a mente. Tudo foi perguntado, nada foi respondido. Quase tudo foi compreendido. Tudo tão complexo e ao mesmo tempo tão simples, cristalino.
Através da viagem à terra interior, 7 personagens (como as plêiades), que representam quatro fases da vida (infância, juventude, meia-idade e velhice) jogam ao jogo das perguntas, algo que lhes poderá permitir voltar a casa transformados, nesse processo, também se cruzam com um habitante dessa mesma terra, o zelador do jogo.
Essa terra interior é também o palco, a cena teatral, como grande espelho do mundo, onde todos nós ficamos a conhecer-nos melhor. Meta-teatralidade, sim, recurso estilístico fundamental para perceber, que muito do que se vê são mecanismos teatrais, efeitos, personagens. Mas é esse mesmo teatro que nos devolve à vida, às grandes questões, que nos ajuda a sobreviver ao inexorável peso da realidade. Estas personagens: Parsifal, a incorporação da pureza, da inocência, do medo, da animalidade, da violência, um menino esponja do que possa vir, do que possa ser perguntado. O casal de actores, inebriados na sua própria “bolha”, o actor buscando a verdade, a actriz, o desejo. Incapazes de se encontrarem, em jogos constantes, mas ao mesmo tempo, tão cheios de futuro e de vida. Desmancha-Prazeres e Observador, polos opostos, de meia-idade, o pessimista e o optimista, parelha becketiana, vórtices de todas as perguntas, motores da obra, solitários, vagabundos, arquétipos que nos ajudam a conhecer melhor o mundo. O casal de velhos, esse, já se transformou numa única personagem: o do casal, a experiência e também o senso comum, reflectidos nas suas questões mundanas, mas lugar de sapiência, lugar de encontro com a infância. O-Da-Terra é o oráculo, o trans, o Tirésias, o contra-regra. O arquétipo da síntese do que pode ser uma personagem: o mimo.
Estas personagens são a constelação de Handke, são eles que nos são dados a ver, para que nos possamos compreender melhor, num mundo confuso, violento, classista, o de 1989 (ano do texto) e o de 2022, o que ainda nos poderá dar razão para viver, o que poderá dar sentido à nossa existência em conjunto?
“Como já fiz todas as perguntas que podia fazer hoje, já posso dormir descansado.”
Será mesmo assim?
Gonçalo Amorim
Ficha Técnica
Autor
Peter Handke
Tradutor
João Barrento
Encenação
Gonçalo Amorim
Assistência de Encenação
João Miguel Mota
Interpretação
Ana Ramos
Bárbara Machado
Catarina Chora
Cristiana Sousa
Daniel Teixeira
Filipa Saavedra
Filipe Correia
Gabriela Leão
Henrique Raínho
Inês Carneiro
Jaime Castelo Branco
Margarida Neto
Mariana Lamego
Sandra Dias Pereira
Soraia Gurgo
Thiago Vasconcellos
Tomé Nunes Pinto
Cenografia
Inês Sarmento
Rita Cruz
Figurinos
Beatriz Veríssimo
João Gomes
Design de Luz
Bruno Pacheco
Filipe Carvalho
Francisco Alves
Sonoplastia
Bruno Pacheco
Filipe Carvalho
Francisco Alves
Mileu
Tomé Silva
Direção de cena e produção
João Vaz Cunha
Mariana Lima Costa
Rute Marques da Silva
Docentes orientadores
Interpretação – António Durães
Apoio a Voz – Carlos Meireles
Apoio a Movimento – Catarina Lacerda
Cenografia – Hélder Maia
Figurinos – Filipa Martins
Luz – Pedro Cabral | Rui Damas
Som – Rui Coelho
Direção de Cena e Produção – Regina Castro